quarta-feira, 22 de agosto de 2012

C.U.S.P.E - Autogestão ( Pub 10 17-07-12)



Vídeo da CUSPE com antigos integrantes da banda mais a presença de Washington da banda Disunidos.

MARCHA DAS VADIAS 04-08-12



Marcha das Vadias em Campina Grande, em 4 de Agosto de 2012


Hoje, dia 4 de Agosto de 2012 a cidade de Campina Grande também fez a sua Marcha das Vadias!
Foi a primeira realização da Marcha das Vadias nesta cidade, e uma das primeiras cidades do interior a organizar a Marcha.
A Marcha das Vadias em Campina Grande encerra o Fórum sobre Feminismo e Direitos Humanos, evento cuja finalidade foi abrir um espaço de discussão com a sociedade sobre a violência de gênero. O Fórum foi gratuito.
A Marcha aconteceu hoje, dia 04/08, com concentração à partir das 09 da manhã no Parque do Povo, em Campina Grande.

Relato: 1º Feira de Zines e Material Libertário


Relato: 1º Feira de Zines e Material Libertário


Relatos a respeito do Cine São José – Parte 1

1º FEIRA DE ZINES E MATERIAL LIBERTÁRIO

Como já foi citado em outro post ( link )  e é de conhecimento de quem vive em Campina Grande, o Cine São José foi um cine-teatro importante da cidade que encerrou suas atividades na década de 70, foi tombado como patrimônio histórico, ficou abandonado e em 2010 foi ocupado por estudantes e pelo movimento artístico-cultural campinense. Diversas atividades foram realizadas no espaço no ano em que aconteceu a ocupação, mas devido a vários fatores o espaço acabou ficando quase parado em 2011. Este ano as atividades foram retomadas e uma Feira de Zines e Material Libertário foi marcada para o mês de março.




A ocupação do Cine sempre foi um espaço aberto, sem burocracias e livre para qualquer atividade de contestação ou de fomento cultural. A ideia da feira de zines era algo que eu (vespa), Luan, Allan, entre outr@s, vínhamos conversando há algum tempo e que acabou sendo deixada para um futuro devido a outros eventos que foram surgindo. No mês de fevereiro juntou-se a fome com a vontade de comer e o Heresia Coletiva decidiu movimentar o Cine com a feira. Não somente a feira, também decidimos produzir um zine e lançá-lo no dia, distribuir mudas, fazer grafitagem, oficina de stencil e pra haver um diálogo mais direto esquematizamos uma troca de ideias a respeito de ocupação urbana.

 Marcada a data para o dia 31, o último sábado do mês de março, começamos a retomada da movimentação da ocupação. O que nos deparamos no local foi o descaso dos próprios membros do movimento, que haviam utilizado o prédio pela última vez em dezembro do ano anterior e o deixado em estado deplorável. Pulemos esta página. O Cine São José estava vivo novamente. Reuniões, conversas, produções, faxinas, conversas com a vizinhança e as pessoas que passam pela rua sempre parando para perguntar do antigo cinema e demonstrando apoio à ocupação.


Eis que faltando uma semana para o evento somos surpreendidos com uma atitude extrema partindo dos escritórios estatais: Muros foram erguidos nas portas do Cine São José. É claro que um atentado à cultura, à memória da cidade não seria tolerado. No mesmo dia em que o muro fora construído também veio abaixo. No dia seguinte voltaram a levantar muros e fechar todas as entradas no prédio. A argumentação da SUPLAN (superintendência de planejamento) do Governo do Estado da Paraíba é que a medida provisória de fechamento do prédio aconteceu para que este não fosse invadido por marginais que realizam assaltos à vizinhança e que também não viesse a ser depredado. Pura falácia. Desde que fora ocupado não há movimentação de assaltantes ou usuários de drogas no prédio, como argumenta o estado.

foto: 22/03/2012 - Muro levantado pela Suplan


foto: Marginais destruindo o Cine ?

Muros derrubados novamente, é hora de re-habitar o espaço – agora com uma faxina muito maior a ser feita, depois de encherem de argamassa as portas do Cine São José. Correrias para organizar a feira e decisões a serem tomadas.
No dia 31, um sábado com o céu limpo e o calor nas ruas repletas de pessoas e fumaça, são abertas as portas da ocupação e vemos um belo fluxo humano no local. Apareceram pessoas que não participaram da organização diretamente, mas que vieram contribuir trazendo seus próprios zines, uma ótima surpresa. 









Pela manhã amigos vieram olhar as atividades no local, muitas pessoas paravam ao passar na calçada e se deparar com plantas na porta e pessoas dentro do cinema. As tintas vieram colorir as paredes desgastadas pelo tempo e surgiu a Vaca Falante (levada por Abu, vulgo Wamberto) trazendo pastéis de soja e suco de uva por um precinho camarada. O zine Heresia Coletiva foi lançado, passado para tod@s que vinham olhar as publicações, assim como um zine sobre ditadura da moda produzido por Eduardo e zines feministas trazidos por Abigail. Várias mudas foram passadas para crescer em terras próximas ou distantes.







 A tarde houve mais visitas, produção de stencil e uma troca de ideias muito bacana a respeito de ocupação urbana e a própria situação do Cine São José. Um evento que conseguiu atingir seu objetivo: trazer vida para o prédio do Cine São José, passar publicações independentes a quem se interessar, cores cobrindo paredes marcadas pelo tempo, descontração, convivência, calor humano e ideias semeadas a respeito de como manter um espaço tão importante.


Pena que pessoas que sentem necessidade de marcar território quiseram deixar assinatura em um espaço que é meu, seu, de todos, e não há exclusividade para ninguém. Mas isso é apenas um detalhe. Seguimos em frente, passando por cima de todos os obstáculos que vierem a surgir.

Além das paredes coloridas, restaram apenas algumas poucas mudas ao fim do dia. Mas isso já é assunto para um outro post...



vespa

mais fotos no flickr: http://www.flickr.com/photos/luankleber/

OKUPE-SE (09-06-12)



Relato: Okupe-se (09/06/12)

Relato do evento "OKUPE-SE: contra as vozes da razão".
Que ocorreu no dia 09/06/2012 na cidade de Campina Grande, Paraíba - Brasil.
Na Ocupação do Cine São José
Divulgação do evento link



     Voltando aqui para mais um relato sobre as atividades do Heresia Coletiva que ocorreram na Ocupação do Cine São José, para mostrar que não sera as vozes que proclamam suas razões absolutas, que prendem ideias e proporcionam desafios para os meros mortais. Ocuparmos um dia todo com atividades, troca de ideias , exposição de arte marginal, lançamento de zines e livro independente, para mostrar que não existe fronteiras entre as ideias, pessoas de vários estados e regiões do país juntos em um momento tão especial.

       Estamos observando que a volta das atividades na Ocupação, tem deixado muita gente irritada. Por coincidência ou não, novamente uma semana antes do evento que já estava sendo divulgado com 1 mês de antecedência, nos aparecem os fantasmas do governo junto de seus representantes que se dizem a favor da cultura para ameaçar mais uma vez as ações e atividades no espaço.
      Nos reunimos e discutimos o futuro do evento , então se decidiu continuar com o planejado, todas as atividades marcadas continuariam a ser realizadas. 

     Chegando no sábado, ainda tinha um clima de apreensão, mas não foi motivo para nos abalar.



   Logo cedo, no horário marcado, já tinham pessoas na frente do espaço. Apos uma limpeza rápida, montamos tudo, a mesa com zines, onde novos zines foram lançados no dia. Algo que esta me deixando bastante contente é esses novos lançamentos de zines que vem ocorrendo periodicamente aqui na cidade, diferentes grupos de indivíduos afim de movimentar algo e não deixar seus textos dentro de gavetas sendo cobertos por poeira.



   Então, ali conversas iam acontecendo, pessoas se conhecendo.
   Estávamos esperando a chegada de Cristiano do Rio e do pessoal da Egrégora de Salvador, que estavam vindo de outra cidade de rolé pelo nordeste.
   Então ocorreu o lançamento do livro Câmera Lenta e da exposição de arte marginal.




    Então é chegada a hora que todos estavam esperando, o momento de comer um rango vegan e deixar todos felizes com deliciosas comidas. Combinamos por tanto de levarmos comidas diferentes para as pessoas que não tem tanto contato com a dieta vegan pode-se ver como nos alimentamos bem, com delicias  sem causar nenhuma dor e sofrimento a nenhum ser.




 Na parte da tarde, resolvemos ir para a parte de trás da ocupação, onde tem um grande quintal e o clima la é mais agradável.
 Então, ocorreu o bate-papo sobre literatura independente, onde vimos como fazer,  mesmo sem incentivos uma produção totalmente faça-você-mesmo , a autonomia do seu cotidiano. 

Onde rolou um bate-papo entre os integrantes da banda Egrégora (de Salvador), o escritor Cristiano Onofre (do RJ) e a galera do Heresia Coletiva. A reunião rolou de forma tribal e não formal. Pessoas agachadas em meio as ervas teimosas nascidas no chão duro do velho Cine São José. 
Cristiano falou um pouco de sua vida, suas experiências literárias e a influência DIY em suas produções. Um dos pontos mais interessantes de sua fala foi quando nos disse que começou a escrever seus contos e textos em zines de sua autoria.. 
Já a banda Egrégora nos relatou sua experiência em Okupas e espaços autônomos, e deu alguns toques valiosos e esclarecedores sobre a realidade e a dinâmica de uma okupa.

Desde um ato de escrever um zine, de produzir um livro sem fins lucrativos e movimentar espaços autônomos as dificuldades e desafios que pode encontrar no caminho. Mas o que nos fortalece é saber que existe mais e mais pessoas que pensam e tem aquela energia para passar pra frente. A autonomia de cada uma no seu dia-a-dia, para nunca deixarmos atitudes externas abalar os envolvimentos e o sentimento de produzir.
Essa parte da tarde foi bem prazerosa e descontraída.




Depois de todo esse dia movimentado, chegou a noite, alguns foram se alimentar para a noite que ainda estava por começar e outros foram andar pela cidade.

Na parte da noite que foi reservada para o momento de descontração, diversão, alegria e relaxar. Uma tocada com as bandas de amigos, uma noite bem divertida e de longas risadas. A muito tempo que eu não tinha um dia tão produtivo assim e divertido. 



E tudo isso que ocorreu, foi algo muito especial, foi intenso, rápido, ótimas companhias, que fazem tudo isso a cada dia valer mais e mais.
A todxs que compareceram (e aos que não foram), aos que participaram diretamente e indiretamente disso tudo. Que passar por um final de semana desses, acordar ainda cansado e com um sorriso no rosto, sempre espero encontrar pessoas que deixem esse tipo de sentimento.
Ao pessoal de João Pessoa, Campina Grande, Salvador, Rio de Janeiro, Natal, Esperança, Lagoa de Roça, etc.


Zine HERESIA COLETIVA # 01



HERESIA COLETIVA

Vários indivíduos resolveram se juntar e a partir dai, fazer movimentações juntos. O surgimento da Heresia Coletiva, foi através de conversas que fez a ideia se tornar algo real, produzir juntos coisas que todos vivemos um pouco organizar gigs/tocadas, zines, sarais poéticos, blog, troca de ideias, intervenções urbanas, exposições, feiras, entre outras mil coisas que nossas mentes podem imaginar, cada cabeça é um universo e todos juntos podemos fazer toda forma de ação.

Este blog tem o intuito de divulgar aqui, textos, poesias, fotos, eventos. Que de alguma forma seja contra esse cotidiano tão massante, soltar as amarras de valores normativos, demonstrar ideias e assim a informação seja nossa arma, que seja repassado por esse vasto universo digital e que também saiam ideias daqui que possam ir para a vida de cada um. Ideias libertárias , contra o especismo, a favor da liberdade total de qualquer ser vivo, pelo fim da exploração, anti-patriarcal, contra o sexismo que nos entopem com suas propagandas, para se livrar do seu suicídio diário (trabalho), para se livrar de valores e também para mostrar que a vida pode ser mais do que mera reprodução de normas.

Sem deuses, sem mestres, sem pátrias, sem amarras, sem se calar.
Hereges são aqueles que não aceitam os valores vigentes, que negam e agem contra.   
Então sejamos todos hereges.


por: Luan K.


O Heresia Coletiva surgiu no final de 2011, talvez antes disto, mas sem nomenclatura e data exata. Implodiu da cena libertária, para atuar independente de gostos musicais. Somos pessoas que gritam com -e por mais- desejos perigosos.
Queremos escrever ou desenhar, levar e receber informação, e mostrar pontos de vistas que discordam, mas não oprimem.

A primeira edição do zine foi lançada dia 31 de março de 2012, na  "Feira de Zines e Material Libertário" .
Este material xerocado, colado e rabiscado, está disponível para download. São 28 páginas de livre expressão em pouco mais de 20mb.

LINK PRA DOWNLOAD -
http://www.mediafire.com/?7jd5bh7bf4w6h44 

por Allan Gomes 

OKUPE-SE 31-08-12



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

TOP FIVE: músicas niilistas da MPB.

Resolvi fazer uma lista sobre as 5 músicas mais niilistas, na minha opinião, da MPB. Apesar de estarem numeradas não utilizei nenhum tipo de hierarquia para dizer qual é a mais ou a menos niilista. Vc's que decidam!

1. Não creio em mais nada- Paulo Sérgio




Não sei o que faço, a minha vida é uma luta sem fim,
Me sinto no espaço, o tempo todo a procura de mim,
Há dias na vida, que a gente pensa que não vai conseguir,
Que é bem melhor deixar de tudo e fugir
Que outro mundo tudo vai resolver.
Não sei o que faço, se volto agora ou continuo a seguir,
Eu sinto cansaço e já não sei se vale a pena insistir,
Há dias na vida que a gente pensa que não vai conseguir,
Que é bem melhor deixar de tudo e fugir,
Que outro mundo tudo vai resolver.
Não creio em mais nada, já me perdi na estrada,
Já não procuro carinho, me acostumei na caminhada sozinho,
A vida toda só pisei em espinho, ja descobri que o meu destino é sofrer.
Há dias na vida que a gente pensa que não vai conseguir,
Que é bem melhor deixar de tudo e fugir,
Que outro mundo tudo vai resolver.
Não creio em mais nada, já me perdi na estrada,
Já não procuro carinho, me acostumei na caminhada sozinho,
A vida toda só pisei em espinho, ja descobri que o meu destino é sofrer.
Não creio em mais nada, me acostumei na caminhada sozinho,
A vida toda só pisei em espinho, ja descobri que o meu destino é sofrer.



2. Como nossos pais. - Belchior




Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar
Como eu vivi
E tudo o que
Aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar meu irmão
E beijar minha menina
Na rua
É que se fez o meu lábio
O seu braço
E a minha voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantado
Como uma nova invenção
Vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pr'o sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação
E eu sinto tudo
Na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
E eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Esta lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como Os Nossos Pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
As aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu estou por fora
Ou então
Que eu estou enganando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
E hoje eu sei
Eu sei!
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Está em casa
Guardado por Deus
Contando seus metais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como Os Nossos Pais...



3. Fé Nenhuma - Engenheiros do Hawaii




Não levo fé nenhuma em nada!
Não levo fé nenhuma em nada!
Mas ninguém tem o direito
De me achar reacionário
Não acredito no teu jeito
Revolucionário
Eu sei que você acredita
Nas notícias do jornal
Mas tudo isso me irrita
Me enoja e me faz mal
Por incrível que pareça
Teu discurso é tão seguro
Talvez você esqueça:
Você também não tem futuro
Não levo fé nenhuma em nada!
Não levo fé nenhuma em nada!
Você quer me pôr no agito
No movimento estudantil
Mas eu não acredito
No futuro do Brasil
Eu não vou morrer de fome
Eu não vou morrer de tédio
Eu não vou morrer pensando
Qual seria o remédio
Sei de cor seus comentários
Sobre o mal da alienação
Mas eu não vivo de salário
Eu não vivo de ilusão
Não levo fé nenhuma em nada!



4. O mundo é um moinho - Cartola
















Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.
Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés



5. E agora, José? - Paulo Diniz ( poesia de
Drummond)


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,

seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?


JORNADAS ANARCOPUNK (2020)